Hoje gostava de vos falar de um dos meus
part-times (calma! são só dois).
O da manhã e,
muito provavelmente, o meu preferido.
Babysitting: uma
espécie de arte de cuidar de um bebé que não é nosso, como se fosse nosso.
Com todo o amor!
Não é amor de mãe, não tenho filhos
(ainda!), nunca fui mãe e ele tem a sua Mãe.
Nunca será um amor distante,
na medida em que parte do seu crescimento também é um bocadinho Nosso.
É um amor de Tia,
um sentimento familiar.
Gosto muito dele, gosto muito da Mãe, gosto muito do Pai.
E eles de mim,
eu sinto que sim.
Eles.
Ao cinco meses de vida, tão frágil, tão dependente, entregaram-me as manhãs do seu bebé.
Eu,
Inexperiente, sem filhos, tão jovem, com tantos medos, com tantas dúvidas.
Passaram-se cerca de dez meses,
quase um ano inteiro.
E eu tive o privilégio de presenciar os seus primeiros dentes, as primeiras vez de gatinhar,
hoje os primeiros passos atrapalhados, algumas palavras
(mamã, papá)*, as suas melhores caretas, as suas maiores birras...
A dois, já rimos e choramos: como naquele dia, tão doentinho, eu tão aflita, a tosse que era muita, a sopinha que não caiu bem, o vomitado. E eu,
a nojentinha que não aguenta vomitado, sem preocupações, tirei a roupa suja aos dois e sentamo-nos no sofá. Eu a observar cada movimento, aflita, muito aflita, de lágrimas nos olhos, ele a sorrir, bem mais aliviado, eu a querer chorar, até a mamã chegar a casa e, cheia de bondade, me acalmar e convencer que já estava tudo bem, que era natural, que não havia nada a fazer para evitar.
Estivemos na festa do primeiro ano: família e amigos próximos, apenas. Acho que sou/somos um bocadinho das duas coisas. Fazem-me sentir assim.
Durante o mês de Julho e Agosto não foram precisos os meus cuidados e eu estava bastante cansada.
Foi tempo de férias para todos, e o tempo passou a voar.
Chegou Setembro e com eles, todas as suas rotinas.
Esta semana jantamos juntos. Nós, o
pequenino e os papás.
Tinham-se passado dois meses e só quando recebi o telefonema é que meditei realmente sobre isso.
Tive algum receio que o
sentimento não fosse o mesmo.
Quando chegamos, o
pequenino (tão grande, quase dois meses depois) vinha aos braços da sua mamã. Olhou para mim ao aproximar-me, sorriu e esticou-me os braços.
E o meu coração ficou
cheio!!!**
Não foi para ser
babysitter/ama/nanny/babá/o-que-quiserem-chamar que estudei tantos anos
(como já mo disseram). Não foi.
Poderia fazer outra coisa, tantas outras coisas, ganhar muito mais.
Mas há algo de muito importante, de TÃO grandioso, que dinheiro nenhum pode pagar.
A confiança de uns pais, a coragem de uma mãe em confiar o seu filho, o seu primeiro filho, a abrir as portas da sua casa, da sua intimidade, e entregar parte da sua vida, a alguém que não conhecia assim tão bem.
Os primeiros dias não dormi.
Tive medo, tive muito medo, aceitei o convite com receio, as dúvidas eram muitas, quis experimentar, achei sempre que não iria ser capaz, apontei religiosamente todos os passos de
"como fazer um biberão", coloquei uma
(única, foi só uma!) fralda ao contrário, fiquei em pânico com soluços, quis chorar muitas vezes, chorei tantas vezes... mas tem sido uma experiência tão cheia do mais diverso tipo de amor e tão rica de uma aprendizagem que livro/curso nenhum me poderia ter dado.
Que continue a fazer melhor, a aprender mais, e a crescer a cada dia.
Eu. E ele.
Eu quase nos trinta, ele a caminhar para o seu segundo ano.
E estou grata.
Grata ao pequenino, ao papá que se lembrou de mim, e à mamã que concordou.
Muito grata!
* Embora eu vá tentando: Mar-ta, Ti-ti, Ta-ta...
** Abarrotado!!!
Eu sei, ando a escrever muito. Peço desculpa!
Eu sei que eles não vão ler (só o Marido sabe do Blog),
daí puder escrever com toda a liberdade, com todo o coração.